Em meio a uma explosão de estímulos visuais e sonoros, notificações, redes sociais e uma avalanche de informações, tornou-se muito difícil manter o foco em uma única atividade por muito tempo. Concentrar-se, portanto, parece mais difícil do que nunca. Não por acaso, a busca por recursos que ajudam a ampliar o foco e a energia e o desempenho mental cresceu consideravelmente. É o caso dos nootrópicos.
Talvez você ainda não saiba o que são essas substâncias que prometem ampliar a capacidade cognitiva, mas, se você gosta de café, saiba que já consumiu uma delas: a cafeína. Nos últimos anos, entretanto, novas substâncias e combinações ganharam popularidade, tanto por influência de figuras públicas e comunidades dedicadas ao “biohacking” (que promovem métodos para maximizar o desempenho cognitivo), quanto pelo fácil acesso a informações sobre saúde e suplementos.
Por mais que tenha extrapolado o ambiente científico e acadêmico recentemente, o termo “nootrópico” foi criado na década de 70 pelo químico romeno Corneliu Giurgea, que também sintetizou o piracetam – primeira substância reconhecida como parte dessa categoria. Até hoje, o medicamento é usado como tratamento em algumas patologias. Para quem está saudável e busca apenas um “boost” cerebral, há alternativas não-medicamentosas.
A cafeína é o exemplo mais conhecido nesse sentido, mas não é a única. Nem todas, porém, tem efeitos comprovados cientificamente. Conheça mais sobre alguns dos nootrópicos que podem ser consumidos por meio de suplementos ou a partir de mudanças na alimentação.
Conheça alguns dos nootrópicos e a eficácia de cada um deles
1. Cafeína
Estimulante bastante pelos brasileiros, a cafeína está presente principalmente, é claro, no cafezinho de todos os dias e também em chás e bebidas energéticas. No sistema nervoso central, ela bloqueia adenosina – neurotransmissor que promove o relaxamento e a sonolência. Por isso, tende a aumentar o estado de alerta e a melhorar temporariamente a atenção e o foco.
O efeito desse nootrópico sobre a cognição é comprovado cientificamente. Ela aumenta a vigilância, o tempo de reação e a atenção em períodos de curto prazo; a longo prazo, porém, a cafeína não altera o desempenho da memória. Para a maioria das pessoas, a cafeína não é prejudicial. Ainda assim, recomenda-se o consumo até o início da tarde, principalmente para pessoas mais sensíveis aos efeitos estimulantes.
2. L-teanina
Encontrado principalmente no chá verde, é um aminoácido conhecido por induzir a um estado de relaxamento sem causar sonolência, pois aumenta a produção de neurotransmissores calmantes – como GABA, dopamina e serotonina. De acordo com estudos, esse nootrópico pode reduzir o estresse mental e físico, além de melhorar a atenção em pessoas que estão em estado de ansiedade moderada. Combinada com a cafeína, a L-teanina aumenta o foco e a atenção e reduz os efeitos colaterais como nervosismo e excitação.
3. Ômega-3
São ácidos graxos que desempenham um papel crucial na saúde do cérebro. Dois tipos de ômega-3 (EPA e DHA) são particularmente importantes. Eles estão presentes de forma abundante em peixes gordurosos, como salmão e sardinha e ajudam a preservar a integridade das membranas celulares no cérebro. Além disso, têm propriedades anti-inflamatórias que beneficiam a função cognitiva e a saúde emocional.
Fortes evidências científicas indicam que o consumo regular de ômega-3 pode melhorar a saúde do cérebro e reduzir o risco de declínio cognitivo em idosos. Estudos mostram ainda que o DHA, em particular, promove a melhora da memória e amplia o desempenho cognitivo em geral. O Ômega-3 também é eficaz na redução de sintomas de ansiedade e depressão. Esse nootrópico é seguro para a maioria das pessoas.
4. Ginseng
Especialmente o Panax ginseng (ginseng asiático) é usado na medicina tradicional chinesa como um tônico que promove energia e melhora a vitalidade. Ele pode aumentar a resistência ao estresse, melhorar o foco e aprimorar a memória. Os estudos sobre ginseng, entretanto, são variados: alguns mostram que podem haver efeitos positivos na memória e no humor, mas os resultados ainda são mistos e dependem da dosagem e duração do consumo.O ginseng é seguro para a maioria das pessoas, mas em altas doses ou uso prolongado pode causar insônia, ansiedade e dores de cabeça. Por isso, recomenda-se fazer intervalos no consumo.
5. Ginkgo biloba
Deriva de folhas da árvore de mesmo nome e é amplamente consumido como suplemento para melhorar a circulação sanguínea. Entre os nootrópicos aqui citados, entretanto, esse é o que tem menor confiança científica. Alguns estudos sugerem que ele pode melhorar a memória e a função cognitiva, especialmente em idosos com comprometimento cognitivo leve, mas esses efeitos são moderados e não consistentes. Até o momento, não há evidências conclusivas de que o Ginkgo biloba tenha efeitos significativos em pessoas saudáveis. Para a maior parte das pessoas, também não apresenta riscos ao ser consumido em doses moderadas. Vale ressaltar, entretanto, que pode interagir com anticoagulantes e causar efeitos colaterais como dores de cabeça, tonturas e náuseas.